Para a interpretação da paisagem procedeu-se à sistematização da análise em quatro grandes unidades paisagísticas de acordo com a proposta de Menezes (2010). São elas: o topo da Serra, o campo visual voltado para a vertente Oeste, o campo visual voltado para a vertente Leste e os vales e interior dos leitos dos riachos que drenam a vertente Leste.
O topo da Serra é caracterizado por um relevo rochoso, plano a suave ondulado, com solos rasos, proporcionando campos visuais pequenos, médios e grandes.
A vegetação de campo rupestre é predominante, mas observam-se alguns relictus de Mata Atlântica próximo a vertente leste, onde surgem várias nascentes. Já próximo ao paredão da vertente Oeste, predominam as cactáceas. Para se chegar até o topo existem várias trilhas, a do “Lado Oeste”, a dos “Cavalos” e a “Via Sacra” são as mais utilizadas.
Essas trilhas são os elos dos elementos culturais do topo onde foram construídos torres de transmissão, uma estrutura para a geração de energia eólica e uma pequena igreja com um cruzeiro, palco de manifestações religiosas. O campo visual da vertente Oeste corresponde a segunda unidade paisagística, pois dele descortina-se um conjunto de serras residuais visualizadas ao fundo da paisagem.
Na base da Serra, avançando-se sobre o paredão, visualiza-se com um ângulo privilegiado um cinturão de mata, porém, a visão mais ampla é dominada pela ausência de cobertura vegetal nativa em que áreas desmatadas se intercalam com pastos e plantações.
O campo visual da vertente Leste corresponde a terceira unidade. Dele se obtém uma visão panorâmica cujo limite é o oceano Atlântico. No campo de visão médio percebem-se ondulações e desníveis do relevo, o maior adensamento da vegetação e das matas ciliares entremeadas pelo tom de verde mais claro dos canaviais e pastos. A cidade de Aracaju e vários outros sítios urbanos podem ser observados, com destaque para a barragem Jacarecica e a cidade de Areia Branca localizada na base desta vertente.
A quarta unidade da paisagem corresponde aos vales, ao interior dos leitos e à mata ciliar da vertente Leste. Apresenta um conjunto de micro-relevos cujo campo de visão se fecha acompanhando os leitos encobertos por mata ciliar que se abrem nas rupturas onde se formam cachoeiras, ou então, quando o visitante alcança as margens. Ressalta-se a diversidade de estruturas e formas nítidas, como também, a variedade de pequenas estruturas e formas menos perceptíveis no percurso dos vales e leitos dos riachos.
São perceptíveis diversas micro-paisagens merecedoras de detalhamento interpretativo. Quanto à morfologia, os quatro riachos da vertente Leste apresentam leitos encachoeirados com bacias de acumulação que formam piscinas naturais de diversos tamanhos, geralmente com pouca profundidade e propícias para banho.
Somando-se a isso, o percurso dos leitos atravessa ocorrências sucessivas de campos rupestres, cerrado e restinga, envoltos por matas de galeria cujas densidade e heterogeneidade variam de acordo com a morfologia mais ou menos encaixada dos vales.
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